terça-feira, 15 de março de 2011

Gretchen e Preta Gil investem no mundo gay para alavancar suas carreiras

Por Ana clara Brant, do Correio Braziliense

Reza a lenda que no fim de todo arco-íris pode-se encontrar um pote cheio de ouro. E, dependendo de como cada um interpreta o seu arco-íris, isso pode até ser verdadeiro. O fenômeno meteorológico colorido acabou tornando-se o símbolo do movimento GLS (gays, lésbicas e simpatizantes). E, metaforicamente, quem tem investido no arco-íris, ou melhor, nessa parcela importante da população que cada vez mais luta por seus direitos, tem alcançado o seu “pote de ouro”. “Não é que vem aumentando o número de gays, ao contrário do que muita gente pensa. Mas as pessoas estão conquistando sua independência financeira e sentindo-se mais à vontade para assumir-se sem o ranço e o preconceito de anos atrás. Ainda há muito para melhorar, mas a sociedade já aceita mais você ser o que quiser. É um mercado importante que cada vez cresce mais”, acredita a DJ Elenita Rodrigues, que ficou conhecida no país após participar do BBB em 2010.

Antes mesmo do reality-show, Elenita já frequentava e tocava em baladas GLS porque, segundo ela, o tipo de música que discoteca, o house mais tribal, é um estilo bem voltado para esse público. “É uma energia muito intensa. Os baladeiros não estão nem aí e ficam à vontade mesmo. Tanto é que, em várias festas gays, há héteros também, porque geralmente são baladas com música boa, duram até mais tarde e são muito animadas. Daqui a pouco, espero não ter mais esse rótulo de evento gay ou hétero”, comenta.

Participantes de Big Brother são algumas das celebridades que estão sempre presentes nas baladas GLS. Ricardo Lucas, um dos produtores da festa Let’s Club, que ocorre todas às sextas-feiras na boate Blue Space, diz que os organizadores desse tipo de evento estão sempre antenados com quem está na mídia e analisam se o artista tem ou não a ver com o público gay. “Não vou trazer qualquer artista que é bacana, mas que não se identifica com o nosso público. Não dá para arriscar. A Wanessa é uma das que tem levantado a bandeira do público gay, a Preta Gil também. Quando fazemos festas anos 1980, trazemos as divas daquela época, como a Rosanah e a Gretchen. Isso sem falar nos BBBs que sempre aparecem para fazer uma presença VIP, especialmente os da edição passada, que se identificaram muito com a questão gay, como a Elenita, o Serginho e o Dicésar”, comenta Ricardo, que se prepara para trazer, na próxima sexta, dia 11, na edição Top na Balada, da festa Let’s Club, a transexual Ariadna, primeira eliminada do BBB 11.

O encanto GLS

Uma das artistas que acabou se tornando um verdadeiro ícone dos gays é a cantora Wanessa. Ela atribui boa parte dessa identificação à atual fase pop e dance de sua carreira e acrescenta que o resultado tem sido extremamente satisfatório. “Foi algo que ocorreu naturalmente. Sempre tive muitos fãs gays. Eles são animados, adoram dançar, se divertir e identificam-se com minhas novas músicas. Eles vão para o show com a intenção de ver o artista, mas também se divertir muito. Percebi que adoram um show cheio de coreografias e performances. Eu acredito nesse mercado”, destaca.

Considerada uma das divas da década de 1980, a cantora Rosanah Fienngo, conhecida pelo hit O amor e o poder, acredita que o público gay é mais exigente e gosta do que é ousado, impactante e encantador. “As divas do mundo gay, geralmente, são artistas que fazem diferença no mercado. Esse público gosta de vozeirão feminino e de quem canta de verdade, acima de tudo”, expõe.

A artista, que se prepara para um novo projeto, o CD e DVD Rosanah Rocks, conta que, atualmente, por estar envolvida com outros compromissos profissionais, como shows fora do país, tem feito poucos eventos em boate e casas GLS, mas, sempre que se encontra com esse público, é uma festa! “O mercado gay, no momento, está sendo das grandes divas. E isso no mundo inteiro. Lady Gaga é uma delas. Os gays sempre foram uma boa parte do meu público, tenho grandes amigos, gosto e me divirto muito com eles”, ressalta.
Outra que passou a investir intensamente no mercado GLS é a cantora Preta Gil. Por ter nascido em um ambiente liberal e sem preconceitos, Preta afirma que isso facilitou bastante sua aproximação com eles. Sem falar no jeito espontâneo com que ela conduz sua vida e carreira. “Sou como eles, autêntica, tenho espontaneidade, uma personalidade extrovertida, alegre, pra cima. Sou livre de preconceitos, fui criada dessa maneira. Tenho uma liberdade muito grande em mim. Então, essa identificação vem de uma forma natural. Tenho muito orgulho de os gays identificarem-se comigo”, declara.

Mercado consumidor
30 milhões - Total de brasileiros gays (10% da população)
Eles gastam 30% a mais do que os héteros
R$ 150 bilhões - Valor que esse segmento movimenta no país
Fonte: Câmara de Comércio GLS do Brasil

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