quinta-feira, 7 de abril de 2011

STJ adia decisão sobre união de casal homossexual

Pela terceira vez este ano, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) esteve frente à pergunta "um casal gay é uma família?" e adiou essa polêmica decisão, que pode equiparar pela primeira vez no tribunal um casal homossexual a um heterossexual.
Na tarde desta quinta-feira, a Terceira Turma do STJ discutiu a possibilidade de reconhecer "post-mortem" a união estável entre um casal de homens do Mato Grosso. Estava em jogo a forma de divisão dos bens partilhados pelo casal nos 18 anos de vida em conjunto. O julgamento deste caso já tinha sido suspenso uma vez por um pedido de vista, em março. Um novo pedido de vista foi feito nesta quinta-feira.
O ministro Paulo de Tarso Sanseverino, que presidia a sessão, argumentou que o tema do reconhecimento da união homoafetiva já está na pauta da Segunda Seção do tribunal --instância que reúne a Terceira e a Quarta Turmas e que possibilita uma uniformização do pensamento do tribunal. Por isso, continuou o ministro, é mais adequado esperar o posicionamento da Seção antes de julgar na Turma.
Em fevereiro, a Segunda Seção interrompeu o julgamento de um caso do Rio Grande do Sul em que também se questionava a possibilidade de reconhecer um casal gay como núcleo familiar.
A eventual equiparação dos relacionamentos homoafetivos aos heterossexuais teria consequências diretas em questões patrimoniais, de herança, de seguros e na adoção, segundo especialistas. Apesar de não ser vinculante, uma decisão do STJ influencia as instâncias inferiores.
Segundo explica Maria Berenice Dias, desembargadora aposentada e especialista em direito homoafetivo, o STJ já proferiu decisões em que se pressupõe a união homoafetiva, mas nunca afirmou expressamente que esse reconhecimento é possível. Para ela, a decisão pode revolucionar os direitos dos gays no país.
"A lista dos direitos não reconhecidos aos homossexuais está em 108, segundo levantamento feito. Com uma decisão favorável, a lista fica em um direito, só fica faltando o reconhecimento do casamento. A decisão pode derrubar, em efeito dominó, todas as diferenciações entre homossexuais e heterossexuais", afirma Dias.

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